Seis passeios pelo bosque da ficção – Umberto Eco
O nosso próximo encontro, que acontecerá no mês de junho, irá discutir a obra de Umberto Eco, Seis Passos pelo Bosque da Ficção.
A obra é
resultado de seis conferências realizadas por Umberto Eco, entre 1992 e 1993,
na universidade de Harvard. O autor parte de conceitos como leitor-empírico –
aquele que realiza uma leitura subjetiva da obra de arte, porque utiliza o
texto como “um receptáculo de suas próprias paixões”, e leitor-modelo – aquele
que seria um leitor ideal que o texto não apenas prevê, mas que quer como
colaborador e, muitas vezes, tenta moldar durante a própria construção do
enredo. Assim, mergulhando em questões cruciais da arte narrativa, tais como:
as divergências entre tempo real e tempo ficcional, as diferenças entre
história, enredo e discurso e seus respectivos tempos narrativos, e a verdade
histórica e filosófica em contraste com a verdade ficcional, bem como a
aceitação desta e a suspensão daquela, para que se possa adentrar o texto
literário, os bosques de Eco são uma metáfora do texto narrativo. Enfim, um
convite às diversas formas de se percorrer e interpretar uma mesma história, a
partir dos espaços em branco que o autor-modelo espera que sejam preenchidos
pelo leitor-modelo. Para tanto, o texto é apresentado como um “jardim de
caminhos que se bifurcam”, para lembrar Borges, pois, para Eco, “Mesmo quando
não existem trilhas bem definidas num bosque, todos podem traçar sua própria
trilha e decidir a direção que vai tomar.
Percorrendo,
assim, os textos de Homero, Dante, Shakespeare e James Joyce, bem como as
fábulas dos irmãos Grimm, o universo romântico de Dumas e Nerval, as descrições
góticas de Poe, a literatura filosófica de Kafka, entre outros autores e obras,
Eco busca apontar algumas pistas para os inúmeros caminhos e trilhas com os
quais nos deparamos diante de um texto que se propõe a contar uma história. São
caminhos que, ao serem percorridos, cruzam as fronteiras imprecisas de um
labirinto chamado texto, e que atravessam os tênues limites que separam a
realidade da ficção... Temos, portanto, uma oportuna obra teórica, nem por isto
sem o esmero literário de Umberto Eco, que deve ser lida por todos os amantes
da literatura.
Por Paulo Tostes.